Em Design de Interiores e Arquitectura, respondemos às necessidades e aspirações da sociedade, e o público pode ser anónimo ou não. Podemos desenvolver uma narrativa, comunicar uma mensagem específica, explorar um sentido cénico que nos aproxima de áreas criativas como as belas artes, o design de cenários e a própria joalharia. Estas são áreas responsáveis pela produção de ambientes, espaços ou objectos que nos fazem sonhar não só em ser “funcionais”. A joalharia pode funcionar como um símbolo de estatuto social ou uma ligação com a própria natureza. O presente projecto de joalharia está a ser desenvolvido dentro da CIAUD e pretende aprofundar essa mesma ligação, explorando a ligação entre a jóia e o lar, um espaço íntimo que reflecte a sua própria individualidade, não o limitando a uma única organização todos os dias, dando-lhe liberdade para a manipular.
O espaço imaginário inspirado pela natureza começa a determinar a jóia. Os seus volumes e definição de tectos são traduzidos em superfícies orgânicas compostas por planos oblíquos que integram as formas modulares de peças à mão e princípios tais como a utilização de vastas transparências que se relacionam com o exte-rior e interior, decomposição do interior em volumes que definem uma fronteira privada e pública, oposição cheia e vazia, contraste cromático, valores de sombra e luz, texturas e assimetrias ao nível da composição. Mutabilidade e versatilidade são os princípios fundamentais. Instrumentos como esboços, ou modelos foram alternados com software de modelação tridimensional e impressão 3D, explorando novos meios de produção sem perder de vista os conhecimentos artesanais. A partir de componentes impressos, desperdícios ou objectos produzidos em massa que já não são úteis, cruzados com materiais tradicionais, procedemos à criação de peças em série limitada adequadas a um público que valoriza as jóias pelo seu design único, independentemente do valor da sua solução construtiva.